sábado, 18 de outubro de 2008

Quem diz é quem é!

Desde pequeno que há uma coisa que me faz confusão no futebol. O fora-de-jogo. Há uma jogada de ataque; o avançado está isolado; correu mais que toda a gente; foi mais lesto e expedito que toda uma defesa, e depois há um senhor, que levanta uma bandeira e outro que apita e pára tudo! Depois deste acontecimento, normalmente as mães desses dois senhores são reapelidadas. Eu, desde que me lembro, que jogo futebol com os meus amigos e não havia nada disso. Um atacante correr mais que a defesa é bom, e se tiver no que vulgarmente se chama de “a mama” é maravilhoso para quem ataca, porque normalmente resulta em golo – o objectivo supremo do jogo! Podem então fazer ideia da confusão que isto faz na cabeça de uma criança.

Cerca de vinte anos mais tarde, por incrível que pareça, a confusão é a mesma. Quem terá sido o agente criador dessa brilhante lei que é a do fora-de-jogo? Nas regras não consegui perceber, mas depois de pensar um bocadinho sobre a questão, tornou-se-me óbvio. Senão reparem: Século XIX, a juventude a dar pontapés numa bola de couro, numa Inglaterra chuvosa e enlameada, com uma indumentária pouco adaptada à novidade que é o jogo. Lá atrás está um menino, branco como a cal, com ar de quem nunca viu o Sol, ruivo, obeso, com as faces rosadas do cansaço e a perder. Farto de ser ultrapassado pelo menino mais pobre, que comendo menos, se torna mais ágil e apto para qualquer actividade física. “Assim não vale! Não brincas mais!” grita o puto mimado. Sendo filho do industrial da zona, é o dono da bola, como tal, é soberano. (Uma pequena dúvida sobre riqueza: Porque é que, padecendo do mesmo mal, os meninos quando são ricos, são disléxicos, e quando são pobres, são burrinhos?) Eis a raiz do mal que depois alguém baptizou de fora-de-jogo.

Mas o futebol é um jogo virtuoso. É um jogo de destreza física e psicológica, e sendo um jogo de equipa, dinamiza o espírito de grupo de uma forma que penso ser positiva. A não ser quando se trata de competições oficiais, em que vale tudo. De facto, desportos há, em que mesmo envolvendo muito dinheiro, como a Fórmula 1, não há pejo nenhum em voltar atrás numa decisão de arbitragem, ou mesmo penalizar os competidores a posteriori, já que os olhos em directo não vêem tudo. No futebol, à vista de todos, há golos com a mão, golos que não são golo, golos mal anulados, penalties mal assinalados, toda uma série de aldrabices. E claro, os foras-de-jogo. Depois, a mãe do Sr. Árbitro muda de profissão. E, pensando um pouco, quem é que escolhe a carreira do apito? São insultados e ameaçados de porrada desde pequeninos. Não percebo.

Em Portugal, por exemplo, é de facto estranho, que em cerca de 100 campeonatos, apenas tenha havido três campeões diferentes, com excepção do Belenenses nos anos 50 e mais recentemente o Boavista, por pura distracção. Mesmo assim, o Sr. da Costa até teve azar. Está lá há cerca de 25 anos, ganhou quase 20 campeonatos, e no único jogo combinado, apanharam-no! É azar! Mas descansem, que ele não faz nada de novo; não inventou nada! Já se fazia antes! Ainda se faz, mas ele faz melhor! Lembrem-se que quem inventou tudo foi um menino ruivo e obeso… O espírito dessa criança ainda impera no futebol dos nossos dias. Não se esqueçam que esse menino proporcionou momentos de felicidade a muitos adeptos. Tudo começou com um simples fora-de-jogo.

P.S. – Acho que se devia mudar o nome da lei. Não querendo ser disléxico, (prefiro burrinho) chamar-lhe-ia foda-se-jogo.

1 comentário:

mago disse...

Então e a mãe do Sr. da Costa, não tem direito a referência? Colega de profissão da ex-companheira desse mesmo Sr., com ambas a dividirem o local de trabalho com as mães do tal Sr. árbitro e do Sr. Foda-se-jogo, aham... Sr. fiscal de linha, digo.