segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Primeiro Contrato

Muitos falam da profissão mais velha do mundo, mas ainda não ouvi ninguém a debruçar-se sobre quem terá sido o autor de tão brilhante invenção. Não digo o nome da personalidade, pois terá sido numa altura da História onde os humanos apenas começaram a ser humanos e a comunicação era feita à base de grunhidos, mas a minha questão prende-se com homens ou mulheres. Esse ofício, que trouxe aumentos de bem-estar a tantas pessoas, terá sido inventado por um homem, ou por uma mulher?

Depois de fazer uma análise pensada sobre o problema, deparei-me com três situações possíveis que possam ter originado essa função, e em todas elas, é impossível provar qual foi a verdadeiramente pioneira:

1. O chefe do clã precisava de algum bem do outro clã e utilizou esses serviços para o obter. Os chefes seriam certamente do sexo masculino, e assim teria sido o homem a inventá-lo.

2. A mulher, para sobrevivência própria ou das crias recorreu a essa via para subsistir. Aqui terá sido a mulher a inventar, por necessidade. “a necessidade aguça o engenho”.

3. Nesta terceira situação é dúbio quem terá sido o autor. Eu chamo-lhe o acaso da selva. Há um detentor de um objecto. Em princípio será um alimento, pois ainda não estamos a falar de bens materiais, e a noção de dinheiro ainda não foi criada. Um homem e uma mulher cruzam-se e um deles vai levar a melhor. Possivelmente o homem, por ser mais forte, mas mesmo assim é de análise inexacta e é impossível aferir sobre quem verdadeiramente tirou mais vantagem da situação.

Esta audaz criação, mudou a humanidade. Este é talvez o primeiro conflito civilizacional que terá abordado questões de direito, o que sem linguagem e comunicação verbal e uma mínima organização social, teria de ser resolvido pela lei da força. Desenvolveu o comportamento da sociedade enquanto grupo, no que toca a segurança das tribos, e em consequência terá ajudado a desenvolver a linguagem, uns primeiros códigos inteligíveis apenas por membros da mesma tribo. No fundo foi um motor de arranque para o processo civilizacional no qual nos encontramos hoje.

Para quem só pensa em putas, a profissão mais velha do mundo é a gatunagem! Antes de pensar nos prazeres da carne e negociá-los, era necessário andar de barriga cheia, e para tal, já que caçar dá um certo trabalho, roubar quem caça parece-me uma decisão mais acertada. Possivelmente muito antes ainda da idade de começar a pensar em fêmeas. No entanto, a prostituição terá sido, a par com a caça, das primeiras actividades económicas socialmente lícitas. Ainda que tácito, com inexistência de dinheiro, em troca de protecção ou nutrição, é a génese do contrato como o conhecemos hoje.

Pensando bem, também foi uma grande invenção!

2 comentários:

CIgrejas disse...

Espectacular!

A poesia aliada à descrição da mais velha profissão.

Realço a forma simples de explicar que a prostituição não é a profissão mais velha do mundo!

Esperamos pelo próximo capítulo...

:)

Anónimo disse...

A resposta a tua pergunta é: o ovo ou a galinha.

Devo dizer que este assunto da gatunagem é do meu interesse, pois tem evoluído e hoje há quem seja premiado por conseguir tal façanha aos olhos de todos.

Para melhor me debruçar sobre este assunto projectei um episódio da National Geographic.
Se olharmos para os leões, são as fêmeas que caçam enquanto os machos passam o tempo a lamber os tomates. Talvez houvesse um período em que assim o fosse. O primata coçava os tomates enquanto as fêmeas caçavam para ele. Esta hipótese não é assim tão difícil de equacionar se olharmos para algumas mulheres dos nossos dias. Facilmente se percebe que têm o gene de verdadeiras caçadoras.
Temos portanto um grupo de animais onde o chefe ou chefes são os mais fortes. Nessa condição são por isso os primeiros a comer e também os primeiros a usufruir das melhores condições. Os mais fracos comem o que resta ou comem o que apanham antes que chegue um dos mais fortes. Aqui não há gatunagem, há Darwin. Sobrevivem os mais fortes e os mais astutos.

Existe uma linha que separa a gatunagem da sobrevivência. Claramente quando o meu banco me rouba dinheiro da minha própria conta está a tentar sobreviver, enquanto que se alguém rouba uma galinha a um vizinho é um verdadeiro gatuno e ainda por cima tentou encobrir dizendo que talvez tivesse sido uma raposa velha.
Começo aos poucos a perceber como essa linha separa as águas. Quem rouba de cara destapada e aos olhos de todos está num lado da linha e quem rouba com uma máscara de esqui e às escondidas está do outro.

Mais tarde e com a evolução natural, eles começaram a caçar e elas a coçar-lhes os tomates. E aqui nota-se bem como os dois assuntos do texto estão ligados. Terá portanto sido aí que surgiu a linha que falei à pouco.

Mais difícil de definir é a palavra Puta. Qual a sua origem e quando se aplica correctamente.
PUTA: “Ser vivo que troca favores sexuais por dinheiro ou bens.”

H1: Troca de favores sexuais mas não recebe dinheiro ou bens.
Podemos estar a falar de qualquer pessoa que passou pelas nossas vidas ou está para passar.
H2: Troca de favores sexuais mas não recebe dinheiro apenas bens.
Aqui temos uma definição de uma qualquer relação entre seres de sexos diferentes ou do mesmo sexo.
H3: Não existe troca de favores sexuais mas recebe dinheiro.
Uma qualquer relação laboral em que existe apenas um sentimento de puta.

Podia ainda desenvolver estas hipóteses ou elaborar outras mas para agora parece-me suficiente assim. Eu gosto de pensar que o que mais se aproxima de “puta” é o dinheiro entregue em mão no momento da troca pelos ditos favores sexuais.

O que é claro é que os proxenetas surgiram depois das putas para regulamentar a actividade, mas no entanto não evoluíram. Adoptaram desde sempre e até aos dias de hoje uma postura de parasita.
Teria sido muito melhor para a saúde e para a economia se estes tivessem evoluído. Hoje haveria mais qualidade, mais segurança e teríamos uma actividade tributada. Do mesmo modo, a gatunagem se fosse regulamentada seria vista com melhores olhos. Ora temos aqui o Sr Azedo, vai pagar 20% ao estado sobre o que roubou e como foi apanhado duas vezes, recebe uma penalização sobre a actividade de 2 meses a contar desde a data da entrega do impresso. Passe pela secretaria para receber o carimbo e está despachado. Obrigado.

Nota: Existem alguns erros ortográficos e inconsistências de vários tipos.