sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Hic Deum Adora!*

O ser humano é o animal que domina o planeta. É a espécie que na evolução Darwiniana, se tornou mais apta para enfrentar o meio. Algumas limitações, como a falta de guelras, não nos permitem sobreviver em alguns meios, mas ainda assim, somos o animal mais completo. Podemos perguntar porquê. Alguns dirão que foi Deus, no entanto, eu diria que foi pura sorte. Se outras espécies tivessem evoluído de outra forma, nós seríamos subjugados por elas em menos de nada. Por exemplo, se as formigas fossem um pouco maiores, o planeta era delas. Um planeta com formigas do tamanho de um sapato seria facilmente dominado, e as restantes espécies, nada valeriam perante esta ameaça.

É certo que a espécie humana desenvolveu um engenho único, através do domínio de ferramentas, e criação de outras, que permitem enfrentar dificuldades. A capacidade criativa do Homem superou quase tudo, permitindo a este fazer coisas espantosas como voar. Mas perante isto, qual terá sido a maior invenção do Homem? Muitos dizem que terá sido a roda, ou o fogo. O fogo não é uma invenção, o fogo existe enquanto reacção química, as descobertas terão sido os instrumentos para o controlar. A meu ver, as maiores invenções humanas foram Deus e o dinheiro, e pela mesma razão (algumas pessoas estarão neste momento chocadas). Ambos são grandes facilitadores de vida e foram factores chave em termos de desenvolvimento civilizacional. Deus explica o inexplicável, tudo aquilo para o qual o ser humano à primeira vista não consegue arranjar uma causa. “Foi Deus!”. Eu não estou a dizer que Deus não existe. Aliás, se Deus não existisse não estaríamos a falar d’Ele. Por exemplo, o periquitélio (palavra esdrúxula) não existe. Ninguém consegue conceber na sua cabeça um conceito de periquitélio (podem ir ver ao Google). Não se vê ninguém a falar desse conceito que não existe. O que eu digo é que Deus não existe em Si, mas sim em nós. Não existe uma entidade lá em cima a olhar por nós, mas existe uma pictorização de algo nas nossas cabeças, diferente em cada cabeça, que significa Deus. Há correntes filosóficas que defendem que o conceito de Deus é inato. Nascemos com ele na cabeça. Não creio que seja verdade. A marca Coca-cola é dos símbolos humanos mais reconhecidos a nível planetário, a par com a cruz de Cristo. A Coca-cola anda por cá desde 1886, com orçamentos de publicidade gigantescos. Mas a Igreja anda cá há milhares de anos, com um esforço de marketing ainda maior, entranhado no desenvolvimento civilizacional, no poder, na cultura, arquitectura, arte e em quase todos os campos da vida social. São tão inatos, um como o outro.

Como terá sido inventado Deus afinal? Eu não estava lá, mas para mim, parece-me que terá sido com um evento natural inexplicável à data. Um trovão que incendiou a selva, ou outro fenómeno da mesma envergadura. Dois hominídeos ainda longe de terem desenvolvido uma linguagem: um terá grunhido para o outro em interrogação, e o outro contra-grunhiu qualquer coisa, que quererá ter dito, ou “não sei”, ou “é o acaso”. O primeiro hominídeo terá interpretado mal e terá assimilado aquilo como uma força grandiosa divina exterior a nós e criou-se o conceito de Deus. Depois de pequenos e grandes ajustes, foi passado de pais para filhos, chegando aos dias de hoje. Forças exteriores não existem. O Bem e o Mal existem, mas em nós.

O dinheiro, esse outro grande facilitador de vida, permite-nos ter acesso a níveis de bem-estar que de outra forma não seriam possíveis. Não digo o dinheiro enquanto forma de riqueza, mas o dinheiro enquanto instrumento. As notas e moedas constituem ferramentas geniais do ponto de vista de acesso a bens. É, ainda hoje, o maior acelerador do processo civilizacional.

Antes de escrever o texto, periquitélio não aparecia no Google. Agora, depois da publicação, pode ser até que apareça e já tem significado. É aquilo que serviu para explicar a existência de Deus, o que dito assim, parece uma coisa muito importante!

*Procurem na net!

Sem comentários: