segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Omelette, à Portuguesa!

Há quem diga que o 25 de Abril de 1974 foi o que fez com que houvesse lojas chinesas abertas nos 25 de Abril subsequentes. À partida não seria nada do outro mundo, não fosse um dia feriado. Mas porquê mais um dia feriado? Tirando as razões óbvias, o 25 de Abril não foi, nem mais, nem menos, que um erro de calendário. Era uma festa marcada para o 1º de Maio. As nossas tropas, depois de quarenta e tal anos de ditadura militar, fartaram-se de trabalhar e quiseram demonstrá-lo no dia do trabalhador e fazer uma greve, que já dura para cima de 34 anos. Dia do trabalhador, ou dia das mentiras (outro erro de calendário), já que é um dia em que quase ninguém trabalha, excepto os chineses.

Trinta e quatro anos de greve, não são seguramente para todos. É quase uma vida de serviço. Mais uns meses, e já está na altura de pôr os papéis para a reforma (da greve) e voltar a trabalhar. Os mais jovens já deram o exemplo, e foram de ovos na mão para cima de uma ministra (já agora, o que é que nasceu primeiro, a galinha, ou o ovo?). Depois de terem acabado com o serviço militar obrigatório, a juventude sente uma nova necessidade bélica, e extravasa desta forma. Isto é apenas um pequeno aviso, mas pode ser que pegue moda. Já estou a imaginar as visitas ministeriais, sempre com senhores com bancas de ovos, (em que os podres são os mais caros) para livre arremesso às comitivas. Os ministros terão de envergar indumentárias à prova de ovo, com capacete e óculos de protecção (imaginar o Sócrates de capacete…). Os produtores de ovos vão ficar milionários e a União Europeia vai ter de liberalizar as quotas de produção. O parlamento vai ter de fechar um dia por semana para desinfestação de salmonela, o que no fundo, não fará qualquer diferença…

Obrigado aos senhores de Abril, pois sem eles não haveria lojas chinesas em Portugal! Há muitas pessoas que pensam que nunca mais vai haver revoltas, porque chegámos à democracia, como se fosse o fim da linha. Estamos na União Europeia, e como tal, estamos protegidos de todo e qualquer tipo de revolta social. Será?! A dinâmica das sociedades sempre foi feita à base de conflito. As revoltas abanam tudo e a vida recomeça de outra forma. Certas maiorias, conquistadas democraticamente, começam a cheirar mal (como os ovos podres), e impera uma necessidade de renovação, já que a lei é estática e impõe grandes períodos fixos de legislatura. Já que não há mudanças na classe governativa, nem mesmo a nível ministerial, cabe a alguém afastar a mediocridade do sistema. As sociedades corrigem-se a si próprias e criam anticorpos para combater determinadas maleitas! Funciona mais ou menos como a “mão invisível” de Adam Smith. Como o Sr. Presidente da República não se mexe, as galinhas estão já a preparar-se e a acelerar os ciclos! Os produtores de ovos têm já unidades de stock em barda a apodrecer, para acrescentar valor ao seu produto! Estão neste momento a ser treinadas milícias de arremesso! Há milhares de voluntários!

Não há, mas podia haver... Lembrem-se: o objectivo supremo da guerra é a paz!

P.S. – Os ovos vieram primeiro. No tempo dos dinossauros já havia ovos, mas não havia galinhas. As galinhas apenas chegaram alguns ovos mais tarde…

2 comentários:

mago disse...

Ou como diz alguém: isto só lá vai à porrada.

Ou como outro alguém que acrescenta: e os senhores agentes da autoridade são os primeiros a serem varridos.

Lusus disse...

O 25 de Abril proporcionou também um potencial acontecimento, ainda que não tão relevante como o expediente das lojas chinesas. De facto, não será do conhecimento geral, mas após a revolução dos cravos, "nuestros hermanos" severamente preocupados com um prolongamento do comunismo soviético na Península Ibérica, realizaram diversas diligências (entre as quais, contactos com E.U.A. e negociação de bases militares americanas em território Espanhol, a troco de apoio militar), tendo em vista uma potencial invasão do território Português. Mais do que o concretizar de uma pretensão Espanhola de séculos, pretendia-se debelar um eventual governo comunista em Portugal e o seu avanço sobre a Espanha, com o hipotético desfecho de uma nova guerra civil. Ora tal não aconteceu, nem tão pouco um governo comunista neste nosso País à beira mar plantado. Pois como dizia um embaixador Inglês em reporte informativo ao Foreign Office de Londres no início do século XX: "Os Portuguese são um povo que não se governa, nem se deixa governar".

É esta a nossa raça. Um timbre que não se deixa levar por enxadas partilhadas (então se fui eu que a comprei!), a não ser que sejam daquelas dos chineses...